Wednesday, July 8, 2009

what were the chances?


Agora sim, Sofia estava decidida. Estava decidida à ter uma nova vida. Mas nem cogitava se separar de Michael. Não, seria pedir demais para ela. Então, passou a dedicar-se à boas leituras, boas noites de sono, boas conversas com o marido. Dedicou-se até a pensar em engravidar novamente. Dessa vez, Sofia não queria um filho por vaidade. Ela queria um filho por superação, e, sobretudo, por amor. Era só sentar-se no batente da porta, e, ao olhar para o jardim, ela via seu filho correndo, sorrindo. Ou então, antes de deitar, ela o via entrar pela porta pedindo para dormir entre ela e Michael, com medo. Sim, ela queria tudo isso. Queria ser mãe.
E foi tentando... Depois de algum tempo de abstinência, Sofia foi se aproximando cada vez mais de Michael, num misto de desejo, de carência e de vontade de engravidar. Eles passavam horas à fio se insinuando, mas algo sempre os impedia de chegar aos “finalmente”. Porém, de todos os empecilhos, talvez deles, o maior: A viagem inesperada de Michael à América, com fins meramente lucrativos, segundo ele.
E foram semanas sozinha, até a data em que Michael prometeu voltar. Já se aproximava da hora dele chegar, e o telefone tocou. Sofia sempre detestava atender telefonemas sozinha, mas teve de faze-lo. Era Michael, se desculpando e alterando sua volta, alegando precisar ir à França, visitar um velho amigo exilado da Máfia. Ela precisava entender. E dessa visita ao amigo, Michael emendou para a Alemanha, e posteriormente para a Suécia. E três meses se passaram. Clarice estava intimamente ligada à Vito e a seu filho, não podendo, assim, atender às necessidades da amiga.
E em uma bela manhã de sol, ao se levantar, Sofia ouviu um barulho muito forte na sala. Desceu depressa as escadas. Era ele, que largava as malas, estafado de cansaço. Ela não disse uma só palavra. Correu na direção do marido, e o abraçou como nunca havia feito em seis anos de casamento.

- Senti saudades. – Disse ele, apertando-a ao peito.
- Uhum. – Exprimiu, quase que sem som, quase quem sem fôlego.

E levaram as malas para cima. E se amaram como nunca. Os gemidos de Sofia ecoavam pelo quarto. Foi lindo... Lindo!
Até que ela precisou arrumar as malas de volta para o guarda-roupa, separar roupa suja, etc. E foi arrumando as malas, com Michael adormecido, que encontrou uma calcinha. Estava preta, visivelmente suja da mais branca e prazerosa noite e com um bilhete mais do que íntimo.

“Michael, meu amor, obrigada por ter me feito tão feliz.”

Sofia ficou bestificada com o que viu e leu. E passou a vasculhar os bolsos das calças de Michael. Encontrou uma caixa de anel. Vazia. Era da mesma joalheria francesa que as alianças de seu casamento. E teve a reação mais ousada de toda sua vida. Abriu a gaveta, pegou sua tesoura de costura e picotou todas as roupas do marido. Raivosa, agressiva. Tomou um bom e belo banho, arrumou-se e foi até a cidade passear. Precisava de novos ares. Para seu infortúnio, Michael havia acordado, e ido atrás dela, através de informações dos empregados.
Ele a encontrou, a levou pra casa, e chegando lá, quis conversar.

- Eu preciso te esclarecer algumas coisas, Sofia...
- Uhum. – Dessa vez o som estava escasso por vontade própria.
- Eu tive sim uns casinhos, mas nada muito sério, e...
- Nada muito sério? – interrompeu – Michael, se dar um anel não é algo muito sério, eu realmente não sei o que estou fazendo casada com você há seis anos!
- Mas, Sofia, você não entende...
- Não, não entendo, Michael! Eu realmente não entendo!
- Você lembra do anel que você queria? Aquele, com esmeraldas cravejadas em ouro branco?
- Lembro.
- Então, eu o perdi no hotel. Fiz procuração, mas ninguém o encontrou. Me indenizaram no valor do anel e...
- E você trouxe a caixa de volta? HAHAHA Faça-me rir.
- Eu encontrei a caixa aberta, meu bem.
- Está bem. Eu vou fingir que acredito.

E Sofia subiu para o quarto, decepcionada. Michael ficou na sala, à espera do sono. Mas ele não vinha. Pôs-se, então, a olhar as fotos de seu casamento, da gravidez, de tudo... Terminou a noite ao lado de seu velho amigo copo, cheio de anseios e arrependimentos.
Isso mudaria em alguns dias...

No comments:

Post a Comment